O movimento e o aspecto cognitivo: um diálogo inseparável na morfofuncionalidade humana
O movimento humano vai muito além da aquisição de força e do condicionamento físico, ele é um pilar do desenvolvimento cognitivo. Desde a infância, ações como rastejar, engatinhar, rolar, acocorar, saltar, braquiar, correr e tantas outras estimulam conexões cerebrais essenciais para memória, atenção, percepção espacial e resolução de problemas. Movimentar-se de forma variada continua sendo um poderoso aliado do cérebro. Aprender novos movimentos, correr em terrenos diferentes e explorar habilidades físicas estimula a plasticidade cerebral e ajuda a retardar o declínio cognitivo.
9/24/20252 min read


Quando falamos em movimento, é comum pensar em força muscular, resistência ou condicionamento físico. No entanto, o ato de mover-se vai muito além disso, envolve diretamente o aspecto cognitivo. O cérebro forma novas conexões neuronais para aprender, se organizar e se transformar através do movimento.
O desenvolvimento cognitivo começa no movimento
Desde os primeiros dias de vida, cada movimento traz consigo um salto cognitivo. Rastejar, engatinhar, rolar, acocorar, saltar, braquiar e correr são padrões elementares que estimulam conexões cerebrais fundamentais para atenção, memória, percepção espacial e capacidade de solucionar problemas.
Um exemplo clássico é o engatinhar, que ativa a contralateralidade, a integração entre os dois hemisférios cerebrais, essencial para tarefas como leitura, escrita e organização do raciocínio lógico. Já a braquiação (deslocar-se pendurado pelas mãos) favorece o domínio olho-mão e planejamento.
Movimento como estímulo cognitivo na vida adulta
Na vida adulta, o movimento continua sendo um poderoso aliado da cognição. Atividades que exigem diversidade e desafio, como aprender novos movimentos, correr em terrenos variados ou desenvolver novas habilidades físicas, estimulam a plasticidade cerebral e retardam o declínio cognitivo de forma significativa.
Estudos recentes mostram que a atividade física aumenta a liberação de BDNF (Fator Neurotrófico Derivado do Cérebro), uma proteína fundamental para a saúde neuronal, que favorece a formação de novas sinapses e melhora a capacidade de aprendizagem. (O exercício físico aumenta os fatores neurotróficos periféricos derivados do cérebro em pacientes com comprometimento cognitivo: uma meta-análise - PubMed/O efeito do exercício físico no fator neurotrófico derivado do cérebro circulante em indivíduos saudáveis: uma meta-análise de ensaios clínicos randomizados - PubMed)
Físico e mente: uma única unidade
Do ponto de vista da morfofuncionalidade humana, não existe separação entre a estrutura física e a mente. Quando nos movemos, não apenas treinamos músculos e articulações, mas também aprimoramos capacidades mentais como foco, memória e criatividade.
O movimento é mais que uma atividade física, é um meio para melhorar a saúde cognitiva e emocional. Ao resgatarmos os movimentos elementares e variarmos a nossa prática ao longo da vida, promovemos não apenas uma estrutura física saudável, mas também uma mente mais desperta, resiliente e criativa.
Bárbara Dias - Fisioterapeuta